Sepse: doença que atinge cerca de 11 milhões de pessoas no mundo é desafio para o sistema de saúde
Condição grave, sepse requer diagnóstico rápido e tratamentos eficazes para reduzir mortalidade
Grande problema de saúde pública tratada através de políticas públicas, causa de óbitos nos hospitais do Brasil, pouco comentada e muito temida pelos pacientes e profissionais da saúde. Poderia estar falando sobre muitas doenças, mas essa é a sepse. Uma inflamação generalizada promovida, em sua maioria, por via bacteriana, fúngica ou viral, mas que pode ser adquirida pela alta ingestão de antibióticos de forma indiscriminada. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 670 mil pessoas perdem a vida no período de um ano. A sepse afeta todo o sistema, quando o fator causador é levado pela corrente sanguínea, provocando a falência múltipla dos órgãos. Crianças recém nascidas, idosos, imunodeficientes com doenças pré-existentes, pacientes internados e usuários de drogas são os pacientes com maior probabilidade para ter este tipo de infecção.
Segundo a biomédica especializada em infectologia, Ana Carolina de Oliveira, a sepse é mais comum do que imaginamos. “A infecção pode iniciar em um órgão e se espalhar por todo o corpo, transformando-se em um cenário de sepse. Dependendo do seu grau e do tempo de início do tratamento, a doença pode ser controlada ou levar a óbito. Hoje, nos hospitais, nós temos protocolos e todo o cuidado para evitar infecções, principalmente, nesses pacientes que já estão com a saúde comprometida com alguma doença pré-existente. Ela ainda representa um dos maiores índices de mortes em Unidades de Tratamento Instensivo”, comenta Oliveira, que é professora na UnexMED de Feira de Santana.
Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, a sepse chega a acometer cerca de 11 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, as mortes por sepse chegam a ser a terceira com maior incidência, com cerca de 400 mil casos em pacientes adultos. A taxa de óbito chega a 60% dos casos. A sepse pode acontecer em três estágios. O desenvolvimento de uma infecção específica pelo indivíduo, o segundo quando essa infecção afeta outros órgãos e a última, quando o sistema imunológico da pessoa não consegue mais responder diante do alto grau de infecção generalizada, antes chamado de choque séptico.
Na Bahia, entre os anos de 2019 a 2023, um estudo epidemiológico com foco em caracterizar e quantificar o perfil das internações de pessoas idosas por septicemia, apontou que 13.621 internações aconteceram por conta da infecção. Muitas delas em caráter de emergência e com evolução de 6.985 óbitos, ou seja, cerca de 51,2% dos pacientes. As informações constam no Jornal Brasileiro de Implantologia e Ciências da Saúde pública do dia 15 de agosto deste ano.
Para a médica infectologista Dra.Carolina Palmeira, apesar de toda a atenção sobre a doença acontecer em ambientes hospitalares, a sepse também pode acontecer diante da alta ingestão de antibióticos. Ela se apresenta também em pacientes com infecções fúngicas, virais, dentre outras, também podem evoluir para uma sepse. Pessoas com sintomas como aumento da frequência cardíaca e respiratória e febre, devem procurar a emergência para um diagnóstico preciso. O ideal é manter o caderno de vacinação atualizado e a higiene das mãos realizada de forma frequente. O tratamento para a infecção deverá iniciar o mais rápido possível, de preferência, na primeira hora após o diagnóstico com a utilização de antibiótico.
“É importante que essas pessoas que já tem doenças pré-existentes e apresentam qualquer tipo de infecção, não realizem o uso de antibióticos de forma indiscriminada. O uso pode acarretar no surgimento de superbactérias, dificultando o tratamento e controle da sepse no indivíduo”, informa a Dra. Carolina Palmeira que é professora na UnexMED de Vitória da Conquista.