Doença de Alzheimer: um desafio progressivo e cognitivo

Com 1,2 milhão de casos no Brasil, a condição neurodegenerativa afeta a memória e o comportamento, exigindo diagnóstico precoce e suporte familiar

Doença de Alzheimer: um desafio progressivo e cognitivo

A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta milhões de pessoas no mundo, sendo a forma mais comum de demência entre idosos. No Brasil, estima-se que cerca de 1,2 milhão de pessoas convivam com essa doença, e, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer – ABRAz, esse número tende a aumentar conforme a população envelhece. Na Bahia, com uma população crescente de idosos, o impacto da doença é significativo, afetando milhares de famílias que precisam lidar com os desafios diários de cuidar de alguém com Alzheimer.

A doença que afeta, em média, idosos acima dos 65 anos, é caracterizada principalmente pela perda progressiva da memória (inicialmente a de curto prazo). O Alzheimer também provoca alterações de comportamento, confusão mental, desorientação e, em estágios mais avançados, pode levar o indivíduo a perder a capacidade de realizar atividades cotidianas simples. Ao contrário do esquecimento comum, que pode ocorrer com o envelhecimento, o Alzheimer interfere de forma muito mais profunda no funcionamento do cérebro, afetando habilidades cognitivas e comportamentais. O Sistema Único de Saúde – SUS, através dos seus centros de saúde, oferece tratamento multidisciplinar para essas pessoas acometidas pela doença.

Médica neurologista e professora da UnexMED de Feira de Santana, a Dra. Thainá Jahel informa que o diagnóstico precoce é essencial para garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente e possibilitar cuidados e tratamentos que retardam o avanço da doença. “Nós podemos utilizar a estimulação cognitiva, que pode ser feita por meio de atividades que exercitam o cérebro e aumentam a chamada “reserva cognitiva” do idoso, além de tratarmos outras comorbidades que podem vir associadas, como alteração de humor e comportamento, dentre alguns outros cuidados e suporte ao paciente e sua rede de apoio. Embora não exista uma cura para o Alzheimer, cuidados para minimizar os sintomas têm mostrado resultados importantes em impacto na qualidade de vida, além de proporcionar mais tempo de autonomia ao paciente”, comenta Dra. Thainá.

Apesar dos avanços científicos, ainda há muito desconhecimento e até preconceito em torno da doença. Muitas famílias sentem dificuldade em aceitar o diagnóstico e, por vezes, confundem os primeiros sinais de Alzheimer com sintomas naturais do envelhecimento, como lapsos de memória ou mudanças de humor. No entanto, a degeneração provocada pelo Alzheimer é gradual, mas profunda, e afeta a vida não só do paciente, mas também de seus cuidadores, que precisam de apoio emocional e orientação.

“Alguns pacientes chegam ao consultório se queixando apenas de lapsos de memória e acredita que pode ser falta de alguma vitamina ou com uma agressividade sem explicação. Como a saúde do idoso é muito mais delicada, precisamos realizar uma consulta com uma história clínica detalhada e, se necessários, alguns exames complementares para avaliar diagnósticos diferenciais até chegar ao diagnóstico preciso da doença de Alzheimer, que é um conjunto de sintomas, e tem o diagnóstico clínico. É muito importante que as famílias, os filhos estejam atentos a essas modificações comportamentais”, diz a neurologista. 

Em um contexto em que o envelhecimento da população é uma realidade, torna-se fundamental aumentar a conscientização sobre o Alzheimer e a importância do diagnóstico precoce. O Dia Mundial da Doença de Alzheimer, celebrado em 21 de setembro, é uma oportunidade para debater e desmistificar essa condição, trazendo luz a uma questão de saúde pública que impacta diretamente na vida de milhões de brasileiros.