Ao final do texto, você vai finalmente descobrir o segredo para aprender a gostar de estudar. Ao longo do texto, vamos falar sobre muitos tópicos que são estudados na Psicologia, principalmente na abordagem da TCC (Terapia Cognitiva Comportamental).

Entendendo o comportamento

Ao longo do tempo, foi identificado que todos os comportamentos possuem uma determinada função. Ou seja, você só realiza um comportamento por causa de uma possível recompensa, seja ela distal ou proximal.

As recompensas distais são aquelas que motivam um comportamento para obter uma recompensa futura, que está longe. Já as recompensas proximais são aquelas que motivam um comportamento para obter uma recompensa mais próxima do indivíduo. 

O comportamento de estudar precisa ter uma função!

As pessoas que possuem dificuldade em estudar associam a função de estudar a uma recompensa que está muito longe.

A primeira virada de chave para aprender a gostar de estudar é deixar de enxergar o estudo como uma função distal (passar numa prova, ser promovido, ter um salário melhor) e começar a ver como uma função proximal (autodesenvolvimento, vencer aquela pequena barreira, entender aquele conteúdo que está estudando).

Esquecer o porquê “distal” de você está fazendo aquilo (passar no vestibular) e mudar o porque para “proximal” (aprender um conteúdo novo) é fundamental para criar esse hábito e prazer em estudar.

Entendendo as recompensas

De acordo com alguns estudos sobre motivação e dopamina na área da Psicologia e das Neurociências, as recompensas são divididas em dois grandes grupos. As primárias e as não primárias.

As recompensas primárias/intrínsecas, são sistemas de recompensas que já vêm “embutidos” em nós e que tem a ver com sobrevivência e reprodução (comer, beber água, procurar abrigo, segurança). Por exemplo, o recém-nascido não é ensinado a mamar, mas consegue se alimentar para sobreviver.

Já as recompensas não primárias são aquelas que aprendemos ao longo da vida (dinheiro, roupas, carro, status social, obra de arte). Aqui vale ressaltar que esse entendimento também é subjetivo, partindo do pressuposto que o indivíduo precisa associar essas coisas com sobrevivência e/ou reprodução (recompensas primárias).

Os comportamentos que vão buscar as recompensas têm uma função que é justamente a de buscar recompensas.

E o estudo é um tipo de comportamento que pode gerar uma recompensa não primária.

Pessoas consideradas de sucesso em algum segmento, possuem comportamentos que as levou aquele patamar que se encontra. Partindo do exemplo que esse comportamento foi o de estudar com excelência, esse sujeito atribuiu ao comportamento uma função na vida dele que não necessariamente era a de ser uma pessoa de sucesso (recompensa não primária), mas sim, de ser uma pessoa melhor (recompensa primária).

A grande virada de chave

A grande virada de chave é quando o sujeito transforma o comportamento de estudar que é uma recompensa não primária, em uma recompensa primária.

Existem pessoas que deixam de beber água, comer, se exercitar para poder estudar ou trabalhar. Nesse estado, o comportamento de estudar é encarado como vital para a sobrevivência dessas pessoas.

Estudar precisa ser igualado a algo essencial para sobrevivência, tal qual, beber água. Quando isso acontece, o estudo passa a ter uma função na vida.

Estudo é um estilo de vida.

De acordo com a TCC, existem dois fenômenos estudados: Condicionamento Clássico e Condicionamento Operante. Esses fenômenos são formas de aprendizado de um novo comportamento.

No condicionamento clássico, a pessoa tem uma forma de aprendizado associativo. Você faz uma associação de um estímulo que anteriormente não geraria uma recompensa/prazer (recompensas secundárias), à um estímulo de uma recompensa primária.

Um exemplo bem prático de condicionamento clássico é quando os cientistas realizam estudos com animais em que é oferecida uma recompensa primária (comida, petisco), associada a um estímulo externo que não tem nada a ver com a recompensa primária e percebem que com o passar do tempo, o animal passa a ter o mesmo comportamento que tem ao ter uma recompensa primária.

Para você entender um pouco mais, aqui vai um bom exemplo desse condicionamento:

Ao tocar um sino todas as vezes que for dar comida a um cachorro, nota-se uma alteração no seu comportamento (ansiedade em receber a comida). A partir de um momento, apenas ao tocar o sino sem sinal de comida, nota-se que o mesmo comportamento é adotado pelo animal. Ou seja, o que antes o cachorro associava o sino como algo não primário, torna-se algo primário apenas por ter relação com a comida.

Dica: Encare o comportamento de estudar como autodesenvolvimento que permite conseguir quase todas as recompensas primárias que você procura (casa, carro, reprodução/família, emprego, comida, saúde, água). Olhar os estudos ativamente como comportamento que vai permitir que você sobreviva.

No condicionamento operante de Skinner, tudo que um indivíduo faz gera uma consequência, e a consequência de um comportamento modula o próprio comportamento. Nesse caso, somos ativos no processo, do contrário do clássico que somos passivos, já que, criamos associações o tempo todo.

Normalmente as pessoas associam o estudo a uma recompensa financeira, mas ela não é necessariamente uma recompensa primária, portanto, o estudo não terá uma função de sustentação motivacional do comportamento, a não ser que o sujeito associe o dinheiro às recompensas primárias.

A Fórmula Mágica

Querendo ou não, estudar é um estilo de vida!

Não existem fórmulas mágicas. Quem gosta de estudar, tem uma função muito clara com o estudo. Quem aprende a gostar de estudar, não necessariamente tem o objetivo financeiro ou a curto prazo, mas sim, levar isso como uma forma de viver!